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domingo, 21 de julho de 2019

Cancioneiro

Cancioneiro é uma obra composta por poemas líricos, rimados e metrificados, de forte influência simbolista.
Apesar do próprio Fernando pessoa afirmar que "Cancioneiro" (ou outro título igualmente inexpressivo) reuniria vários dos muitos poemas soltos que tenho, e que são por natureza inclassificáveis salvo de essa maneira inexpressiva, o título dessa obra não é, de forma alguma, "inexpressivo", porque o seu entendimento global está relacionado diretamente ao título. Cancioneiro é a designação dada ao conjunto poesias líricas medievais, portuguesas ou espanholas.
As poesias de Fernando Pessoa reunidas sob o título de Cancioneiro, além de prestar uma homenagem a tradição lírica lusitana de preservar os seus mais antigos textos literários, também se relacionam com as cantigas medievais, pois o ritmo e a métrica dos versos deixam esses poemas tão harmoniosos que eles se transformam também em "verdadeiras letras de música".
É do Cancioneiro um dos poemas mais célebres de Pessoa, "Autopsicografia", em que reflete sobre o fazer poético:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.
O leitor atento há de perceber que o poeta parte de uma dor sua, real, integral. Só quem sente uma dor pode fingir outra que não sente. Só quem tem personalidade pode ser ator. Como Fernando Pessoa. Já os leitores, lêem no poema a dor ou o sentimento que lhes falta e que gostariam de ter. Sentem-na ao atribuí-la ao poeta.
O poema "Autopsicografia", reproduzido acima, apesar de sua aparente simplicidade, é, sem sombra de dúvidas, o texto mais discutido de Fernando Pessoa. Nele, as reflexões sobre a "criação artística" são levadas as últimas conseqüências. Isso porque, ao afirmar que "O poeta é um fingidor", Fernando Pessoa não restringe-se apenas ao poeta. Na verdade ele se refere ao artista em geral, que cria "um mundo fictício para representar o mundo real". Pablo Picasso ao dizer que "a arte é uma mentira que revela a verdade" reforça o que foi dito.
Em Cancioneiro, além dessas características, merece especial destaque o interseccionismo, que é, na realidade, uma teoria elaborada por Fernando Pessoa.
Para explicá-la, nada melhor do que as palavras do próprio Pessoa: a arte que queira representar bem a realidade terá de dar através duma representação simultânea da paisagem interior e da paisagem exterior. Resulta que terá de tentar uma intersecção de duas paisagens.
Abaixo temos um fragmento do poema "Hora Absurda", que contém um bom exemplo de intersecionismo:
Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um porto...
Repare que o poeta constrói o verso com dois espaços, ou melhor, duas paisagens distintas: uma exterior, caracterizada pelo "céu pesado" e outra interior, caracterizada pela "idéia de nunca chegar a um porto". No entanto, a compreensão global da frase não permite que esses espaços sejam compreendidos de forma autônoma, ocorrendo então uma intersecção dessas paisagens, que formam um "quadro" único, refletindo o "céu pesado" e também o estado interior do eu-lírico.
Outros poemas escolhidos de Cancioneiro
Isto
Dizem que finjo ou minto 
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação. 
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, 
O que me falha ou finda, 
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio, 
Sério do que não é. 
Sentir? Sinta quem lê!
Liberdade
Ai que prazer 
Não cumprir um dever, 
Ter um livro para ler 
E não fazer! 
Ler é maçada,
Estudar é nada. 
Sol doira 
Sem literatura 
O rio corre, bem ou mal, 
Sem edição original. 
E a brisa, essa, 
De tão naturalmente matinal, 
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião, 
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto 
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca...

sexta-feira, 22 de março de 2019

O lado bom da vida

Pat Peoples, Um Ex-Professor De História Na Casa Dos 30 Anos, Acaba De Sair De Uma Instituição Psiquiátrica. Convencido De Que Passou Apenas Alguns Meses Naquele “Lugar Ruim”, Pat Não Se Lembra Do Que O Fez Ir Para Lá. O Que Sabe É Que Nikki, Sua Esposa, Quis Que Ficassem Um ""Tempo Separados"".
Tentando Recompor O Quebra-Cabeças De Sua Memória, Agora Repleta De Lapsos, Ele Ainda Precisa Enfrentar Uma Realidade Que Não Parece Muito Promissora. Com Seu Pai Se Recusando A Falar Com Ele, Sua Esposa Negando-Se A Aceitar Revê-Lo E Seus Amigos Evitando Comentar O Que Aconteceu Antes De Sua Internação, Pat, Agora Um Viciado Em Exercícios Físicos, Está Determinado A Reorganizar As Coisas E Reconquistar Sua Mulher, Porque Acredita Em Finais Felizes E No Lado Bom Da Vida.
À Medida Que Seu Passado Aos Poucos Ressurge Em Sua Memória, Pat Começa A Entender Que ""É Melhor Ser Gentil Que Ter Razão"" E Faz Dessa Convicção Sua Meta. Tendo A Seu Lado O Excêntrico (Mas Competente) Psiquiatra Dr. Patel E Tiffany, A Irmã Viúva De Seu Melhor Amigo, Pat Descobrirá Que Nem Todos Os Finais São Felizes, Mas Que Sempre Vale A Pena Tentar Mais Uma Vez.
Um Livro Comovente Sobre Um Homem Que Acredita Na Felicidade, No Amor E Na Esperança.

domingo, 30 de dezembro de 2018

Trem Noturno para Lisboa

Fenômeno editorial na Alemanha — onde ultrapassou a marca de dois milhões e meio de exemplares vendidos e ficou anos nas listas dos principais veículos —, Trem noturno para Lisboa extrapolou as fronteiras da literatura. Terceiro romance de Pascal Mercier, na verdade o professor de filosofia Peter Bieri, ganhou ares de expressão idiomática, usada para designar mudanças de vida. Mercier cria um personagem emblemático, o português Amadeu do Prado. Herói literário com o único objetivo de retratar seu criador. Invenção tão perfeita, que, nos últimos anos, muitos estrangeiros se deslocam para terras lusitanas em busca do escritor fictício. Tudo começa numa manhã chuvosa, quando Raimundo Gregorius, um homem culto, professor de línguas clássicas, impede que uma mulher se jogue de uma ponte em Berna. O professor se encanta com os sons do balbucio incoerente da suicida. Ao questionar que língua é aquela, fica sabendo se tratar do português. Hipnotizado pela musicalidade do idioma, acaba por comprar um livro do autor português Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um ourives das palavras. Uma reflexão sobre as múltiplas experiências da vida: solidão, finitude e morte, amizade, amor e lealdade. Fascinado por Prado, Gregorius tenta compreender o misterioso escritor, um médico que morreu 30 anos antes. A obsessão o faz largar sua rotina bem organizada e pegar o trem noturno para Lisboa. Numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio. Ao longo das investigações que o levam pelas vielas da capital portuguesa, ele encontra pessoas que conheceram Prado. E constrói a imagem de um médico e poeta admirável, que lutou contra Salazar. Gozou de enorme popularidade até salvar a vida de um oficial da polícia secreta. Depois disso, as pessoas que o veneravam passaram a evitá-lo. Na tentativa de se redimir, trabalhou para a oposição clandestina. Gregorius se descobre antítese de Prado, um homem inquieto, capaz de desafiar os pontos de vista ortodoxos. Agora, através de sua influência póstuma, o prudente professor é impulsionado a mudar. Mas o que significa conhecer outra pessoa, compreender outra vida? O que significa para o conhecimento de nós mesmos? É possível fugir da rotina? Este romance é uma epopeia multifacetada de uma viagem através da Europa e do nosso pensar e sentir.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

HOMO DEUS - Uma breve história do amanhã

Neste Homo Deus: uma breve história do amanhã, Yuval Noah Harari, autor do estrondoso best-seller Sapiens: uma breve história da humanidade, volta a combinar ciência, história e filosofia, desta vez para entender quem somos e descobrir para onde vamos. Sempre com um olhar no passado e nas nossas origens, Harari investiga o futuro da humanidade em busca de uma resposta tão difícil quanto essencial: depois de séculos de guerras, fome e pobreza, qual será nosso destino na Terra? A partir de uma visão absolutamente original de nossa história, ele combina pesquisas de ponta e os mais recentes avanços científicos à sua conhecida capacidade de observar o passado de uma maneira inteiramente nova. Assim, descobrir os próximos passos da evolução humana será também redescobrir quem fomos e quais caminhos tomamos para chegar até aqui.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

O caminho de Los Angeles

Arturo Bandini é um sensível e temperamental ítalo-americano que procura de todas as formas atingir o propósito máximo de sua vida - se tornar um escritor de prestígio. Mas, após a morte do pai, ele precisa sustentar a família e se vê forçado a trabalhar. Bandini lava pratos, carrega caixotes, serve de atendente em uma mercearia e é sempre demitido. Acaba, por indicação de um tio, empregado em uma nauseabunda indústria de sardinhas enlatadas. Para ele, entretanto, tudo isso é uma enorme perda de tempo. Devorando as obras de Nietzsche e pronunciando palavras difíceis, Bandini não tem dúvidas de que é um dos maiores autores vivos - mesmo que seus textos nunca tenham sido apreciados por ninguém

sábado, 14 de abril de 2018

Lolita

Escritor: Vladimir Nabokov

Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos.

A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.

Nabokov compôs a maior parte do manuscrito — que ele mesmo chamou de “bomba-relógio” — entre 1950 e 1953. Nos dois anos seguintes, ouviu recusas de cinco editoras norte-americanas (“pura pornografia”, disse-lhe uma). Em 1955, foi finalmente aceito por uma obscura editora francesa, a Olympia Press. Em junho, assinou o contrato; em outubro, recebeu os primeiros exemplares, cheios de erros tipográficos.

O livro inicialmente não foi bem-recebido; uma revista pensou em publicar trechos, mas foi desaconselhada por advogados. No início de 1956, sua sorte mudou. Graham Greene havia colocado Lolita entre os melhores livros de 1955 numa edição do Sunday Times. A repercussão cresceu; em agosto de 1958, foi finalmente publicado nos EUA. Em setembro, alcançou o primeiro lugar na lista de mais vendidos. O sucesso faria com que Nabokov deixasse de dar aulas para viver apenas de sua literatura.

“Num primeiro momento, a conselho de um velho e calejado amigo, tive a humildade de estipular que o livro deveria ser lançado anonimamente. Duvido que eu jamais vá me arrepender de pouco depois, percebendo o quanto a máscara tenderia a trair minha causa, eu ter decidido assinar Lolita”, escreve o autor no posfácio Um livro intitulado Lolita. No texto, escrito em 1956 para a edição americana, Nabokov faz esta e outras reflexões sobre sua motivação para escrever Lolita, a gênese da obra, a dificuldade para publicá-la e sua polêmica repercussão.

Sobre as acusações de imoralidade, o autor escreve: “Lolita não traz a reboque moral alguma. Para mim, uma obra de ficção só existe na medida em que me proporciona o que chamarei sem rodeios de prazer estético, isto é, a sensação de que de algum modo, em algum lugar, está conectada a outros estados da existência em que a arte (a curiosidade, a gentileza, o êxtase) é a norma. Não existem muitos livros assim.”

“Antiamericano” foi outro adjetivo atribuído à obra: “Isto é algo que me dói consideravelmente mais que a acusação idiota de imoralidade. (...) Considerações de profundidade e perspectiva (um gramado nos subúrbios, uma campina nas montanhas) levaram-me a construir uma variedade de cenários norte-americanos. (...) Só escolhi os motéis americanos em vez de hotéis suíços ou estalagens inglesas porque estou tentando ser um escritor americano e reivindico os mesmos direitos concedidos aos outros escritores americanos. (...) E todos os meus leitores russos sabem que meus velhos mundos — russo, britânico, alemão, francês — são tão fantasiosos e pessoais quanto o meu novo.”

Sua Lolita, segundo Nabokov, não foi inspirada em nenhuma personagem real, muito menos o sedutor de meia idade Humbert Humbert. 'Lolita é ficção da minha imaginação. Quando pensei no tema, não pensei em nenhuma garota especificamente. Na verdade, eu não conheço meninas tão bem, apenas as havia encontrado socialmente ao longo da vida. Humbert também nunca existiu. É um homem que eu inventei, um homem com uma obsessão, assim como muitos dos meus personagens sofrem de algum tipo de obsessão. Enquanto eu escrevia o livro, vários casos de homens mais velhos perseguindo jovens garotas começaram a ser publicados nos jornais, mas eu encarava isso apenas como uma interessante coincidência', declarou o autor em entrevista a BBC inglesa concedida em 1962.

Mas uma das melhores definições da obra-prima é mesmo do próprio autor. Ainda no posfácio de 1956, Nabokov usa a seguinte metáfora para explicar sua relação com o livro mais famoso: “Todo escritor sério, atrevo-me a afirmar, percebe este ou aquele livro que publicou como uma presença permanente e reconfortante. Sua chama-piloto está sempre acesa em algum ponto do porão, e basta um toque aplicado a nosso termostato particular para provocar uma pequena e discreta explosão de calor familiar. (...). Não reli Lolita desde que revisei suas provas na primavera de 1955, mas o considero uma presença deleitável agora que ele paira discretamente pela minha casa, como um dia de verão que sabemos que está luminoso por trás do nevoeiro.”

O que achei: Nabokov, sem falar um único palavrão ou se utilizar de palavras chulas, consegue fazer um livro sensual, que te faz, horas ficar enojado com o comportamento doentio do protagonista e horas te compaixão de suas muitas vezes inocência.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Caninos Brancos

Escritor: Jack London

Formato Digital

Sinopse: Caninos Brancos é um lobo nascido no território de Yukon, no norte congelado do Canadá, durante a corrida do ouro que atraiu milhares de garimpeiros para a região. Capturado antes de completar um ano de idade, é usado como puxador de trenó e obrigado a lutar pela sobrevivência em uma matilha hostil. Mais tarde repassado a um dono inescrupuloso, é transformado em cão de rinha e, mesmo depois de resgatado desse universo de violência, ainda precisa de um último ato de heroísmo para conseguir sua redenção e finalmente encontrar seu lugar no mundo.
Percorrendo o caminho inverso ao do traçado em O chamado selvagem (1903), em que um cão domesticado é obrigado a se adaptar à vida na natureza, em Caninos Brancos (1906) Jack London narra a história de um animal que precisa suprimir seus instintos para sobreviver na civilização. Grande sucesso de público desde o lançamento, já foi traduzido para mais de oitenta idiomas e adaptado diversas vezes para o cinema, os quadrinhos e a TV.